ATA DA VIGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 28.04.1988.

 

 

Aos vinte e oito dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésimo Oitava Sessão Ordinária da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas da Vigésima Sétima Sessão Ordinária e da Sétima Sessão Extraordinária, que deixaram de ser votadas em face da inexistência de “quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 02 Pedidos de Informações, acerca do valor arrecadado em 1987 e 1988, com a venda de índices do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FMDU) e do relatório do FMDU do programa plurianual de investimentos e do plano de aplicação de recursos para o exercício de 1988 e acerca do recuo lateral previsto por Lei e do efetivamente observado entre os prédios do Cine Guarany e do GBOEX; pelo Ver. Ennio Terra, 01 Pedido de Providências, solicitando proteção com grades na Praça XV de Novembro, no Centro da Cidade; 03 Pedidos de Providências, solicitando colocação de iluminação na Praça formada pelas Ruas Argélia, Travessa Marrocos, Rua Malgaxé e Av. Bento Mentz, troca de lâmpadas queimados na Av. Sen. Salgado Filho, em frente ao n.º 233 e em frente ao Hotel Conceição e recuperação de boca-de-lobo na Rua Otto Niemeyer, esquina com a Rua Sargento Nicolau Dias de Farias. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n.ºs 04/08, da Comissão Especial constituída para examinar o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º11/87; 73/88, da Câmara Legislativa de São Gabriel; 824/88, da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado do Rio Grande do Sul; 1043/88, da Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo; 185/88, do Sr. Prefeito Municipal; s/n.º, do Sindicato dos Empregados em Estabelecimento Hípicos de Porto Alegre; s/n.º, da Editora Vozes; Cartão do Dep. Ulysses Guimarães; Telegrama do Dep. Victor Faccioni. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Ennio Terra falou sobre campanha de difamação que vem sendo observada contra os guardadores de carros da Cidade, analisando o assunto e lamentando os ataques recebidos da impressa por este grupo de porto-alegrenses que se ocupa da guarda de automóveis. Defendeu a implantação de um sistema de estacionamento pago no Centro da Cidade. O Ver. Aranha Filho discorreu sobre o elevado número de acidentes de trânsito observados no Brasil, dizendo da gravidade desta questão e salientando estatísticas existentes a respeito, quanto ao problema de diminuição do índice de produtividade para País que estes acidentes acarretam. Atentou para a importância de medidas eficazes que melhorem esse quadro. O Ver. Luiz Braz teceu comentários sobre a forma como a questão do comércio ambulante do Centro da Cidade vem sendo tratada pelo Ver. Nereu D’Ávila, Secretário Municipal da Indústria e Comércio, dizendo estranhar doações de mercadorias semelhantes às vendidas por esses comerciantes, feitas por aquele Secretário aos Clubes de Mães Açorianos e Judite Meneghetti, desta Capital. O Ver. Marcinho Medeiros declarou-se preocupado com a situação dos Suplentes deste Legislativo, que não possuem material em local específico para a destinação de uma sala onde possam ser instalados os Suplentes de todos os Partidos para que esses, dessa forma, possam proporcionam um melhor atendimento da população. Comentou assembléia realizada ontem, pelos servidores públicos municipais, criticando a atuação do Pref. Alceu Collares com relação ao funcionalismo do Município. O Ver. Cleom Guatimozim teceu críticas aos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte. Comentou declarações do Dep. Ibsen Pinheiro, acerca da possibilidade de um adiamento das eleições municipais para o próximo ano, salientando movimentos contrários a esse adiamento surgidos nas Câmaras Municipais do País. E a Ver.ª Teresinha Irigaray falou sobre a Lei n.º 5685, de sua autoria, que cria horas comunitárias trabalhadas por menores cadastrados no MAPA, lamentando que, apesar de mesmo já ter sido aprovada há três anos, ainda não foi posta em prática. Sugeriu a colocação de idosos da comunidade como monitores dessas hortas. Comentou, também, outro projeto de sua autoria, aprovado na Casa, de instituição dos guias-mirins de Porto Alegre. Solicitou a aplicação dessas Leis pelo Executivo Municipal, em face dos benefícios que trazem aos menores carentes da Cidade. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e trinta e um minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz e Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Jussara Cony, a última como Secretária “ad hoc”. Do que eu, Lauro Hagemann, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretária.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Avisamos ao Plenário, principalmente às Lideranças, que está marcada para as 14h30min uma Sessão Extraordinária para apreciação dos Vetos que não foram possíveis de serem apreciados ontem. Solicitamos dos Vereadores que se encontram presentes que façam esta comunicação aos outros Líderes de Bancadas e Vereadores que se encontram, porventura, em seus gabinetes, para que aqui compareçam às 14h30min.

A seguir, passaremos ao período de Comunicações. Com a palavra o Ver. Ennio Terra.

 

O SR. ENNIO TERRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, está havendo uma constante difamação a uma categoria de trabalhadores que, aparentemente, vive no submundo do trabalho. É de lamentar que o Projeto do Ver. Luiz Braz, sobre o estacionamento pago, ainda não esteja em vigor. Há determinados comunicadores que lançam à comunidade nomes de pessoas, como forma até de desprezar a própria família destas pessoas que trabalham e que são os guardadores de automóveis. Certa vez, o Ver. Paulo Sant’Ana fez um comunicado de que haviam esvaziado os pneus do seu carro. Eu tive oportunidade de dizer que, no estacionamento da Câmara, haviam esvaziado os 4 pneus do meu carro. E nós, que vivemos na Cidade e que conhecemos estas pessoas, que trabalham, que fundaram uma Associação de Guardadores de Automóveis, cujo Presidente atual á um ex-integrante da Força Expedicionária Brasileira, não podemos admitir que alguns comunicadores fiquem fazendo campanha vexatória de homens que trabalham para sustento de sua família. Portanto, eu quero fazer um alerta aqui a todos os Vereadores, no sentido de que tomemos uma posição. Vejamos: em conseqüência deste trabalho importante do Ver. Luiz Braz, hoje, os guardadores de automóveis estão fazendo curso na Secretaria dos Transportes. Por esta razão, eu não consigo entender por que esta constante campanha contra os guardadores de automóveis, quando se sabe que em todas as categorias existem os maus profissionais, mas tenho certeza de que todos aqueles que são registrados nas associações são homens de bem: sei que existe um em frente ao Hotel Magestic, que recebe mensalmente de executivos que trabalham próximo ao Clube de Cultura. Portanto, me sinto até constrangido em falar, porque não se pode admitir, simplesmente porque é um homem que vive de favores, que a gente queira menosprezar a família desses homens.

 

(Às 14h24min o Sr. Lauro Hagemann assume a presidência dos trabalhos.)

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho muito importante o pronunciamento de V. Exa. e, apenas a título de informação, hoje estive conversando com Dr. Jorge Nei, na SMT, e ele me informava que tinha sido incumbido, pelo próprio Prefeito Municipal, de fazer a minuta do decreto que regulamenta aquele Projeto aprovado aqui, na Câmara, por todos os Vereadores, fazendo com que o estacionamento do Centro pudesse se tornar rotativo; essa minuta está pronta, e deverá, nos próximos dias, receber a assinatura do Prefeito Alceu Collares, e teremos a regulamentação desse trabalho. O próprio Dr. Jorge Nei adiantava, para nós que eles tinham algumas dificuldades no caso da regulamentação, porque, inclusive, as próprias multas a serem aplicadas deverão ser multas municipais, de acordo com o código de posturas, já que, de acordo com o Conselho Nacional de Trânsito, estas multas não poderiam ser aplicadas. Mas, dentro da regulamentação, ele mesmo indica o tipo de multas a serem aplicadas para aqueles que desrespeitarem este tipo de serviço que vai ser iniciado no Centro da Cidade. E já existe um entendimento com a Brigada Militar para que ela possa participar, junto com o Município, a fim de que o estacionamento no Centro da Cidade possa ocorrer e possamos ter o Centro mais organizado. Muito importante o pronunciamento de V. Exa., e tenho ouvido alguns companheiros de imprensa fazendo ataques a estes homens que atuam nesta posição de guardadores de automóveis. É verdade que alguns guardadores de automóveis realmente ultrapassam as suas atividades e acabam estragando veículos, como tem acontecido, realmente, no Centro da Cidade, mas muitos deles, e acredito que a maioria deles, atuam de uma maneira boa para toda a Cidade, tanto é que vão ser utilizados para que a Lei possa ser implantada.

 

O SR. ENNIO TERRA: Eu me congratulo com V. Exa., Ver. Luiz Braz, porque V. Exa. teve o cuidado, está ajudando inclusive até na manutenção da ordem dentro do Município. Eu sou testemunha do que ocorreu comigo, numa certa ocasião, no Teatro Leopoldina, eu encostei o carro, e aquela pessoa que estava ali na função de guardador queria que eu pagasse antecipado um trabalho que ele estaria iniciando. E eu disse a ele que não, e chamei os policiais, que tomaram as devidas providências. Por esta razão, a gente sabe que é uma categoria organizada, está o Projeto pronto; estes homens estão fazendo curso na Secretaria de Transporte, e espero que, a partir do momento em que seja implantado o sistema pago, que acabe com estes protestos que alguns comunicadores têm feito, porque eles também não são bem informados, às vezes, porque, para se reclamar nesta Cidade, em qualquer canto desta Cidade há reclamação, agora, se deixa uma família constrangida quando filhos, mulheres, sobrinhos, netos, ouvem que o seu pai ou o seu avô é um marginal, conforme eu tenho escutado quase que diariamente nas rádios de Porto Alegre.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero dizer a V. Exa. que um dos comunicadores que mais ataca este tipo de trabalho, que é o jornalista Rogério Mendelski, através da Rádio Gaúcha, mas que eu acho que, de repente, nesta parte, acaba prestando até um certo desserviço porque eu, ouvindo críticas que este comunicador fazia, através da Rádio Gaúcha, procurei este comunicador através de uma pessoa do meu gabinete e entreguei para ele a lei que foi aprovada aqui na Câmara de Vereadores, porque ele pedia, num programa de rádio, exatamente para que a Câmara fizesse alguma lei que pudesse organizar este serviço. O Dr. Rogério Mendelski, se não me engano, tocou no assunto muito de leve e disse para a pessoa que eu tinha enviado lá que ele poderia dar uma pincelada a respeito do assunto. Parece que não existe a vontade de se resolver o assunto, parece que a vontade é a de que o problema continue existindo para que a crítica possa também continuar a existir.

 

O SR. ENNIO TERRA: O carro do Ver. Frederico Barbosa foi arrombado agora no GRE-NAL. Por sorte do Vereador, não havia nada de importante dentro do carro. Mas ele sabia quem estava cuidando do carro, e não era guardador de automóvel, mas sim uma pessoa que ali estava tentando ganhar algum dinheiro. Essas pessoas temos de responsabilizar a Segurança Pública, porque cabe ao serviço de Segurança Pública saber quem está trabalhando oficialmente, não pessoas que vão a determinados lugares e, com a intenção de ganhar dinheiro, usam de expediente que não é legal. Por esta razão, lamento mais uma vez que essa campanha venha sendo feita sobre os guardadores de automóvel e que V. Exa. fique feliz, porque, a partir dos próximos dias, teremos a regularização oficial no trânsito de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Próximo inscrito, Ver. Clóvis Brum, que transpõe seu tempo com a Ver.ª Bernadete Vidal, que cedeu o seu tempo ao Ver. Aranha Filho.

 

O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, agradeço o tempo cedido pela Ver.ª Bernadete Vidal e também à Liderança do PMDB por ter propiciado essa transposição de tempo.

Venho à tribuna nesta tarde para tratar de assunto que foi colocado “en passant” pelo Ver. Ennio Terra e, ao mesmo tempo, muito propício, já que os jornais na nossa Capital fazem ampla reportagem, de uma semana para cá, e ontem, na sede da FIERGS, aconteceu o 1º Seminário de Segurança nas Estradas, promovido pela empresa Volvo; inclusive da tribuna, estamos justificando neste momento um Voto de Congratulações com esta empresa já que participei daquele encontro, ontem pela manhã, e posso informar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, da enorme valia deste encontro, principalmente tendo como objetivo divulgar os aspectos prevencionistas, e mais, conscientizar a população de uma forma geral. Inclusive, na “Zero Hora” de hoje, amplas notícias de acidente de trânsito fazendo menção sobre os acidentes em Porto Alegre e, como isso não poderia passar desapercebido, nós, da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal, iremos providenciar para a semana que vem trazer autoridades municipais, estaduais e federais neste sentido, para um amplo debate, principalmente para debater os pontos negros da nossa Cidade e tentar alguma solução. Nós, como Poder Legislativo, poderemos trabalhar em cima para tornar a nossa Capital menos perigosa e com menos acidentes, possibilitando uma melhor qualidade de vida para a nossa população.

Vejam, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu consegui, no dia de ontem, recolher alguns números que me parecem impressionantes e têm que ser divulgados, têm que ser apresentados, se tornando, inclusive, um problema catastrófico no nosso País. Em 1987, 750 mil acidentes de trânsito, foram registradas 350 mil pessoas feridas, 40 mil mortes. Estima-se para 1988 um milhão de acidentes, sendo 400 mil feridos e mais de 50 mil mortos. E, em não se pensando no problema social existente, no problema de foro íntimo que envolve as famílias, nós conseguimos um dado impressionante referente ao custo direto do acidente, que vai a 1,5 bilhão de dólares. E por esses acidentes, por deixarem de produzir, tanto pessoas como veículos, faz com que o Brasil perca, num custo indireto, mais 3 bilhões de dólares, dando como total 4,5 bilhões de dólares. Uma estatística bastante interessante é que ceifando essas vidas, vítimas de acidentes de trânsito, que, em média, têm como idade 33 anos, um cálculo se faz quando é estimado também que a vida média do brasileiro chega a 60 anos, nós podemos dizer que esses mesmos brasileiros mortos em acidentes deixaram de viver 27 anos, deixaram de produzir para o Brasil 27 anos, de onde se conclui que a perda precoce desses acidentados deixou de dar uma produtividade de mais de 1.350.000 anos de vida em um ano, ao passo que o câncer, a AIDS, doenças cardíacas, infecção hospitalar, enfim, todo outro processo de morte natural, ou por doenças, nos dá exatamente a metade, porque, quando o brasileiro morre vitimado por essas doenças já referidas, têm, em média, 55 ou 56 anos, faltando pouco tempo para atingir idade média de vida do brasileiro. Então, isso, multiplicado – e esses casos são superiores a 100 mil por ano - nós concluiríamos que as mortes ceifadas por nosso trânsito fazem com que o Brasil gaste e deixe de produzir por aquelas pessoas falecidas muito mais do que estas que normalmente morrem por doenças no final da vida.

São, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fatos que nos trazem e que nos deixam pensativos. E, ao mesmo tempo em que justifico o Voto de Congratulações à Empresa Volvo, quero transferir este voto também a todos aqueles que fazem alguma coisa para prevenir acidentes. No decorrer da semana que passou e desta, devo ter passado ao Executivo Municipais quase 10 pedidos de providências, exatamente na tentativa de minorar acidente, como, por exemplo, a poda das árvores que atrapalham a visão dos motoristas nas sinaleiras. E uma série de outras, como calçamento, como asfaltamento de algumas vias, com a conseqüente introdução do sonorizador em frente a algumas escolas.

 

A Sra. Teresinha Irigaray: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Estou escutando V. Exa., porque o assunto é muito importante, é necessário, realmente, que se adote alguma medida para prevenir tudo isso que V. Exa. está demonstrando, estatisticamente provado, o maior índice de mortalidade é, realmente, o acidente de trânsito, e cooperando com V. Exa., já está tramitando na Câmara, também, um projeto para os primeiros socorros que os motoristas possam prestar a pessoas que tenham essa faixa de idade, entre 33 a 50 anos, que possam ser acometidas de mal súbito, de deficiência cardíaca, de uma insuficiência respiratória.

Então, o motorista também pode prevenir na maneira de transportar ou de atender se a pessoa se sentir mal dentro do seu carro, que não venha a incidir e a elevar mais o número de pessoas, não digo mortas em acidentes de trânsito, mas também mortas no trânsito de Porto Alegre.

E quanto ao acidente de trânsito, em si, também estamos encaminhando aquele pedido para que o Executivo faça a lavagem gratuita do táxi que conduz o acidentado, porque, às vezes, o próprio motorista se recusa porque não tem condições depois de lavar o seu carro que ficou sujo de sangue. V. Exa. sabe, é difícil de ser retirado depois de um dia ou dois.

Então, o Executivo tem que encampar isso aí e não só isto, tem que estender a corrida do motorista que transporta acidentado até o HPS. O Executivo tem que pagar, porque, se é um acidente na rua, e o motorista pega aquele acidentado que ainda esteja com vida, Ver. Aranha Filho, tem por obrigação, por um dever de consciência e moral de levá-lo até o HPS. Agora, alguém tem que fazer o ressarcimento disso aí.

Tudo isso são medidas cautelares, medidas preventivas que vão combater esse alto índice, esse alarmante índice de acidentados e de falta de condições para melhorar isso aí.

Foi apenas para colaborar com V. Exa.

 

O SR. ARANHA FILHO: Sou grato pela colaboração de V. Exa. e, se a Mesa me permitir, Sr. Presidente, o Ver. Marcinho Medeiros deseja um curto aparte. (Assentimento da Mesa.)

 

O Sr. Marcinho Medeiros: Este aparte é só para ilustrar o que o Colega está falando. Existem motoristas que não gostam de dar assistência para o acidentado, porque, se o acidentado morre no caminho, ele tem que dar explicações na polícia e, às vezes, é até acusado pela polícia por ter ele causado o acidente. Então, tem esse aspecto, o problema também do aspecto legal do esclarecimento dado no HPS ao setor policial. Eu conheço caso, inclusive, na prática de pessoas que se complicaram perante a polícia por ter dado socorro à vítima acidentada na rua e abandonada pelo que causou o acidente, e a pessoa foi transportada no carro de um amigo meu e morreu no caminho. Ele levou a culpa, como se tivesse sido ele o causador do atropelamento.

Então, esses casos deveriam ser tratados com mais carinho para não culpar aquele que dá o socorro por um acidente que não foi ele que causou.

 

O SR. ARANHA FILHO: Eu agradeço, também, Ver. Marcinho Medeiros, e, lamentavelmente, isso também acontece. Mas tanto um esforço daqui e outro dali, eu acho que nós, em conjunto, poderemos chegar a um denominador comum, oferecendo idéias às autoridades competentes, para que usem-nas se isso diminua os acidentes, principalmente em nossa Capital, onde nós também nos sentimos responsáveis pelo trânsito, enfim, pelas coisas que acontecem em nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o Ver. Cleom Guatimozim, que transpôs o seu tempo com o Ver. Caio Lustosa, que por sua vez cede o seu tempo ao Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, existem algumas coisas que não podem ser compreendidas dentro do Secretariado Municipal. Eu dou um exemplo, dentro da SMIC. Semana retrasada, o Secretário Nereu D’Ávila resolveu remover 2 bancas que existiam no Centro da Cidade, fazendo com que essas 2 pessoas, que necessitavam do seu trabalho, escolhessem pontos fora da área central, para continuar seu trabalho de sobrevivência. Eu até acharia isso normal se esse tratamento estivesse sendo dado a todas as pessoas que atuam no comércio ambulante no Centro da Cidade. Mas a coisa não está sendo feita assim, e o fato estranho é que, quando eu tentei entrar em contato com o Vereador-Secretário, solicitando a ele uma possibilidade de rever aquele ato, ele disse para este Vereador que ele estava trabalhando para a moralização do Centro da Cidade e que, desde que ele entrou para a Secretaria, ele só tem feito é moralizar. E que muitas pessoas amigas dele, próximas a ele, tinham pedido para que aqueles 2 ambulantes retornassem ao Centro, mas ele não havia concordado e que não seria um pedido meu, que não sou amigo dele, que iria fazer com que ele mudasse sua idéia.

Mas para quem fala em moralizar o Centro da Cidade, causa estranheza a este Vereador a atitude do mesmo Secretário, Nereu D’Ávila, em algumas entidades espalhadas por esta Cidade, duas dessas entidade: Clube de Mães, visitada por este Vereador, receberam como doação, de uma só oportunidade, mais de 50 relógios. Relógios de verdade. Pegadores de cabelo e outras peças mais que, normalmente, nós vemos serem vendidas no comércio do Centro da Cidade. Eu digo a V. Exas. que é normal que a mercadoria que está sendo apreendida pela SMIC, quando não é procurada, seja distribuída para as entidades assistenciais. Isto é normal, porque todos os Secretários agem exatamente assim. Mas o que não é normal é que, no ano eleitoral, se aja deste forma com entidades que não têm puramente fins filantrópicos, como nós sabemos, porque trabalhamos bastante com os Clubes de Mães. É por isso que nós estranhamos uma e outra atitude.

 

A Sra. Teresinha Irigaray: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Braz, V. Exa. sabe que, apesar de eu ser advogada titulada, eu não vou tomar a defesa de ninguém neste exato momento. Não sou advogada do Secretário Nereu D’Ávila. Mas acho que o que V. Exa. está trazendo à tribuna é uma acusação grave e, como eu tenho dito e repetido, cada vez que se faz uma acusação deste gênero, há necessidade de uma prova. V. Exa. terá que trazer, aqui, no Plenário e para nós da Bancada do PDT para encaminhamento ao Sr. Prefeito, a prova disso. Eu não estou nem defendendo e nem acusando, não sei dos atos do Secretário Nereu D’Ávila, apenas acho que seria impossível um desvio de mercadoria.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu não estou dizendo a V. Exa. que é um desvio. Não usei aqui a palavra desvio e nenhuma outra palavra acusatória ao Sr. Secretário.

 

A Sra. Teresinha Irigaray: Mas V. Exa. afirmou e concorda comigo que é muito grave que seja dado ao Clube de Mães 50 relógios.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Para não ficar vago aqui, porque, de repente, V. Exa. pode dizer assim: o Vereador está dizendo coisas apenas ao vento, eu queria dizer a V. Exa. o seguinte: uma das entidades que recebeu estas doações, que constam, inclusive, no livro de atas dessa entidade, é o Clube de Mães Açorianos. Outra é o Clube de Mães Judith Meneghetti.

 

A Sra. Teresinha Irigaray: Existe a prova, então, Ver. Luiz Braz?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Quem recebeu, recebeu. Mas eu não estou-lhe dizendo que é mercadoria que veio deste ou daquele lugar; são mercadorias idênticas àquelas que são comercializadas no Centro da Cidade.

 

O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Realmente V. Exa. traz um assunto bastante sério à tribuna, e seria bastante normal, conforme V. Exa. mesmo disse, a doação, para quem quer que seja, de algumas mercadorias, principalmente perecíveis, etc. Mas outras mercadorias como estas, que V. Exa. relata, tais como relógios, eu acho que teriam de, no mínimo, ser disciplinadas porque poderiam dar margem à especulação e outras coisas. Muito mais justo seria – e isto é o que faz a Receita Federal e outras entidades – leiloar estas mercadorias, a fim de conseguirem algum volume de dinheiro, e aí, sim, repassar a diversas associações de bairros, clubes de mães, etc. Mas tudo isto, quando o leilão fica transparente, e como V. Exa. nos traz, fica extremamente encoberto, e a transparência do serviço público é importante e necessária. Por isso a acusação que V. Exa. traz é bastante séria.

 

O SR. LUIZ BRAZ: O motivo do meu pronunciamento é o paralelo entre uma ação do Secretário, quando ele diz que, desde que entrou na Secretaria, quis moralizá-la e, inclusive, disse a este Vereador que não iria aceitar um pedido meu, pois já não tinha aceito pedidos de pessoas muito próximas a ele, e que não iria ser este Vereador – uma pessoa longe dele – que iria fazer com que ele mudasse de idéia, quando, na verdade, V. Exa. sabe que a Câmara de Vereadores existe para poder fiscalizar a ação do Executivo, e a atitude do Secretário não deveria ser assim, intempestiva, pois ele deveria respeitar a atuação do Vereador como a de um poder fiscalizador, e também um paralelo entre esta atitude e a atitude de doação de mercadorias. Eu começo a me questionar sobre como é que podem surgir tantas mercadorias assim para serem doadas aos clubes de mães num ano eleitoral.

 

O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não é só em ano eleitoral, é em qualquer ano.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sim, mas este é um ano eleitoral, e é exatamente em cima deste ano que surgem estes problemas, e é por isto que estou colocando isto aqui da tribuna. Estou colocando aqui o nome das entidades que recebem estas doações, e isto deve constar no livro de atas das mesmas. Nas duas oportunidades em que fiz as doações, pessoas a mim ligadas, pois sabem que faço um trabalho junto aos clubes de mães, pessoas do nosso gabinete, estavam presentes e testemunharam o ato. E eu teria, não só as pessoas do meu gabinete, mas também outras pessoas que poderiam testemunhar que realmente a doação foi feita. Mas não se trata de uma acusação, trata-se apenas de uma questão que queremos colocar desta tribuna, no sentido de que não podemos entender uma e outra atitude.

 

O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu não tenho autorização do Secretário para defender sua forma de atuação, mas tive oportunidade de, há alguns anos atrás – inclusive, naquela época, era funcionário da fiscalização o atual Secretário dos Transportes – de trabalhar no Serviço de Fiscalização da Prefeitura e, naquela época, já era praxe, na Prefeitura, distribuir entre as entidades as mercadorias apreendidas e não reclamadas depois de determinado tempo. Portanto, é difícil de julgar isto aí, porque talvez esta prática ainda continue na Prefeitura. É uma prática bem antiga.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Mas como nós temos o dever de fiscalizar, eu acho que, de repente, esta prática – que nós sabemos antiga – ela deve ser corrigida de algum modo, ou regulamentada; senão, o Executivo fica muito livre para fazer estas ações, e fazendo ações que podem visar uma campanha eleitoral. Acho que isso, realmente, não é moral, pode ser até legal.

 

A Sra. Teresinha Irigaray: V. Exa. permite? (Assentimento do orador.) Acho que V. Exa. tem todo o direito, toda a liberdade de, como Vereador da oposição, trazer esta denúncia, mesmo porque somos Vereadores desta Cidade e temos que saber disso aí; agora, eu continuo insistindo, V. Exa. traga cópias e provas dos clubes de mães.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu não posso, de forma alguma, chegar num Clube de Mães e tirar um xerox, não é nem ético, são dois Clubes de Mães onde as realizaram essas práticas – o Açorianos de Judith Meneguetti – são dois clubes amigos meus, trabalho com eles, então são dois clubes de Mães onde essas práticas foram realizadas, e pessoas também que assistiram e que poderiam reforçar as palavras que utilizo desta tribuna. Agora, como diz o Ver. Marcinho, é uma prática antiga na Prefeitura Municipal, agora acredito que nós, na Câmara Municipal, temos a obrigação de fazermos alguma coisa, para tentarmos regular, disciplinar um pouco mais essa prática, porque ela pode ser legal, mas não é moral. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito em Comunicações, por transposição, é o Ver. Clóvis Brum, que cede seu tempo ao Ver. Marcinho Medeiros.

A Mesa faz um apelo aos Vereadores que ocupam a tribuna para que se cinjam ao tempo regimental, pois a Mesa tem sido bastante condescendente.

 

O SR. MARCINHO MEDEIROS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O que me traz à tribuna, hoje, basicamente são dois assuntos; o primeiro deles, é com relação a situação dos suplentes, nesta Casa, pois eles não tem uma sala para se instalar, enquanto suplentes, e quero também trazer a meu agradecimento especial a todos os Vereadores, desta Casa, de todas as bancadas, pois compreendem a nossa situação como suplentes, e o carinho que seus gabinetes têm nos tratado nesta Casa. Mas a minha preocupação maior é, principalmente, com os suplentes do PDT, pois por força de este ano ser eleitoral, muitos dos Vereadores atuais vão retornar à posição de suplente. Eles já colocaram um trabalho de tribuna na praça, como eu diria e que voltarão à situação angustiante como a minha atual, todas as vezes que nós precisamos alguma coisa nós não temos um local nem para receber, muitas vezes, uma pessoa que nos procura aqui na Casa e não temos um local onde possamos até colocar alguém datilografando trabalhos, projetos nossos. Para isso, temos que usar os nossos colegas, o pessoal à disposição dos nossos colegas que, às vezes, nos criam uma situação constrangedora, não pelo fato do atendimento, o atendimento é até cortês, muito cortês, muito bem oferecido por alguns Vereadores. Vou até citar alguns nomes: Ver. Nilton Comin, Jorge Goularte, Caio Lustosa, de alguns Vereadores do PDT. Do Ver. Cleom Guatimozim, recebi uma assistência que me deixou encantado, só que me deixa preocupado porque faz uma sobrecarga de trabalho aos funcionários que já têm os serviços normais destes gabinetes. Então, acho que esta Casa deveria ter cuidado com isto e criar condições de que numa sala possa ser oferecido a todos os suplentes, de todos os partidos, independente da sigla partidária que ele venha aqui representar, exercer o seu mandato na condição de suplente porque o povo conferiu a ele esta condição. Então, o suplente é uma pessoa que quer trabalhar, embora tenha poucos dias para trabalhar mas se a Casa criar condições eu tenho certeza que os suplentes serão muito ativos e entrarão com muitos projetos e pedidos para beneficiar a comunidade porto-alegrense, porque ele também está aqui à disposição da comunidade porto-alegrense que o elegeu. Portanto, eu faço um apelo desta tribuna e gostaria que a Mesa anotasse isto e encaminhasse à Presidência desta Casa um pedido de que seja providenciado, no mais breve possível, mesmo em condições precárias, um local onde o suplente possa se instalar, trabalhar, exercer a sua atividade quando não esteja no Plenário, mas que precisa às vezes fazer algum trabalho e que não é só o trabalho de Plenário, mas Projetos, apresentação, da minha parte, eu posso dizer que toda vez que eu assumir trarei um funcionário pago pelos meus vencimentos, que a comunidade porto-alegrense colocou à minha disposição. Assim eu estarei desafogando o trabalho dos gabinetes dos Vereadores desta Casa. Nada contra. Muito pelo contrário, me sinto encantado e quero agradecer pessoalmente ao Líder do PDT pela forma com que sempre fui tratado, só que ficamos constrangidos e nos parece que às vezes nos tornamos um pouco chatos por estarmos pedindo coisas a toda hora. Então a sala dos suplentes é muito importante nesta Casa, especialmente aproveitando a presença do Ver. Kenny Braga, que ele sabe que este ano é um ano eleitoral e que há prazo para desincompatibilização dos cargos do Executivo e que muitos Vereadores irão retornar a esta Casa e que suplentes, do próprio PDT, que é a Bancada majoritária, têm trabalho realizado e deverão permanecer, embora não atuando em Plenário, mas poderão trabalhar na Casa, dando assistência àquele pessoal que normalmente vem procurar o vereador, que o colocou aqui dentro e que precisa do serviço do vereador. Acho que a Casa deveria pensar nisto e dar maior assistência ao pessoal suplente já, que já têm juramento prestado. É uma preocupação minha e gostaria que a Presidência da Casa estudasse uma forma e tomasse providências para que todos os suplentes tivessem um canto onde pudessem trabalhar. Tenho certeza que, independente da sigla partidária, o trabalho será feito dentro do maior respeito e harmonia.

 

A Sra. Gladis Mantelli: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. sabe que eu permaneço à frente da coordenação das obras da Câmara. O problema da sala dos suplentes vem sendo periodicamente levantado por todos os vereadores, e é uma justa reivindicação. Porém com os recursos de que dispomos, há dois anos não construímos nenhum centímetro de obra por falta de recursos. Não temos recursos na nossa rubrica orçamentária interna, mesmo porque a Câmara como instituição, não pode gastar do seu orçamento para obras. Então pouco temos do Executivo em termos de orçamento para fazer mais obras. Estamos fazendo uma tentativa de audiência com Sr. Prefeito há um mês para pedir que ele suplemente o recurso orçamentário destinado à Câmara Municipal e até hoje não conseguimos audiência com S. Exa. Acho muito válida a idéia e aproveito esta oportunidade para pedir que os suplentes fizessem um pedido não só ao Presidente desta Casa, mas também ao Sr. Prefeito Municipal, no sentido de que ele alcance o recurso para que se possa fazer uma sala para os senhores suplentes. Este é o momento adequado para que se faça isto. Fazer uma tentativa de sensibilização ao Sr. Prefeito Municipal, de que ele alcance um recurso para que se possa fazer uma sala adequada aos Srs. Suplentes aqui dentro desta Casa. Muito obrigada.

 

O SR. MARCINHO MEDEIROS: Eu agradeço o esclarecimento e a colaboração da nobre Vereadora e faço um apelo, além da Presidência, à Bancada do Partido do Sr. Prefeito, que é disciplinada e que eu sei que os Vereadores Suplentes que fazem parte dessa Bancada vão passar por uma situação angustiante, e eu gostaria então que o Sr. Prefeito se preocupasse com isso, uma vez que sei que ele já está-se preocupando com funcionários candidatos a Vereadores pelo PDT, pela correspondência, no último Natal, utilizando-se do serviço de Protocolo, usando o timbre oficial da Prefeitura e propaganda eleitoral de uma pessoa ligada ao serviço de Biometria – já falei sobre isso aqui e tenho comigo a prova, entregue em mãos, pelo Protocolo, parece-nos que é material pago pelo Poder Executivo – fazendo a imagem de determinados candidatos funcionários da Prefeitura, perante seus colegas. Então, eu pediria que o Sr. Prefeito procurasse minimizar os problemas que os Suplentes, principalmente de seu Partido, irão enfrentar, ainda mais por ser um ano eleitoral, e que eles já têm um trabalho montado dentro da comunidade e que terão que encontrar onde eles possam dar assistência à comunidade e àqueles que confiam no trabalho deles. Já que o Prefeito se mostra indiferente com relação aos Suplentes de outros partidos que, pelo menos, pense nos Suplentes do seu próprio Partido que vão ajudar, nas ruas, a buscar votos para sua legenda.

A outra colocação que eu queria fazer, é a respeito da situação dos funcionários. Ontem já houve uma assembléia geral dos funcionários que estão reivindicando melhorias salariais. A perda salarial é violenta e a gente que nunca teve tanta perda salarial como na atual administração do Município. E nos parece que o capitalismo moreno – não o socialismo moreno – que está implantado na Prefeitura de Porto Alegre, usa métodos nazifacistas para tratar os funcionários da Casa. Aquilo que ocorreu na SMIC com relação à chapa vencedora da associação de funcionários é o alerta que fizemos à prova de como estão sendo tratados os funcionários da PMPA. Isso pode comprometer a qualidade dos serviços prestados pela comunidade funcional à própria comunidade porto-alegrense. Achamos que o Sr. Prefeito deve repensar muito na forma como está tratando os funcionários. Os funcionários estão sendo tratados de forma policial, esse um aspecto. Em outra oportunidade ainda vou enfocar outros problemas que estamos enfrentando. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cleom Guatimozim.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, bem antes da instalação da Constituinte muitas pessoas, muitos observadores políticos, já sentiam que ela seria este emperra-emperra em que se encontra, e que trabalhadores seriam enrolados, no final, o povo levado de roldão pelas suas decisões.

As eleições previstas, neste ano, para prefeitos e vereadores, em todo território nacional, não há nenhum motivo para que não ocorram. O único motivo que está a impedir as eleições é a vontade de alguns homens, que lá se encontram, a nível nacional, que não desejam, no ano que vem, possamos ter uma eleição apenas para Presidente.

Ora, numa eleição aberta à Presidência da República, e essas eleições únicas são rotuladas de eleições solteiras, numa eleição solteira à Presidência, somente, há um temor terrível pelo nome de Leonel Brizola. Esses homens não têm a coragem de enfrentar Leonel Brizola em campo aberto, numa eleição direta, cada um com seu candidato. Não adiantaram os dois turnos. Eles poderão colocar três turnos, porque ainda vai ganhar Leonel Brizola e com uma votação tão grande que somado aos demais não conseguirão alcançá-lo, somando os demais candidatos. Então, o que fazem atualmente lá no Planalto? Através de notícias nacionais, e até quem sabe internacionais, mais, nacionais, anunciaram que a eleição deste ano estava resolvida, os líderes se reuniram e decidiram que sairia a eleição. Então, fui conferir qual era a decisão dos líderes partidários, inclusive do meu Partido. E as decisões das lideranças é uma gracinha porque decidiram dois elementos básicos da eleição deste ano. O primeiro elemento básico que decidiram é que a eleição será em 15 de novembro. Ora, sempre foi em 15 de novembro! Houve uma época que era 4 de outubro, por alguns anos ocorreu isso, mas desde a Proclamação da República que foi em 15 de novembro as eleições se dão nesta mesma data com mandato de 4 anos.

A Segunda decisão é outra gracinha dos Líderes partidários, os eleitos tomarão posse dia 1º de janeiro. Sempre foi dia 1º de janeiro! Não sei por que não decidiram que o mandato seria de quatro anos porque estariam também decidido por aquilo que já está decidido. Mas, eis que, de repente, nada mais do que de repente, surge uma notícia também a nível nacional e dada e transmitida pelo ex-Vereador desta Casa, Ibsen Pinheiro, pelo ex-Deputado também e Líder do PMDB numa das casas do Congresso. É que o Sr. Ibsen Pinheiro disse que sentia o receio de que a falta de acerto das lideranças levasse ao adiamento das eleições de 1988. Vejam que eles querem, apenas, eles e os demais líderes e quero incluir ai o líder do meu partido também, não quero acusar o Líder Ibsen Pinheiro, não quero acusar este esquema a nível nacional que nos impede, nós, por exemplo, de concorrer e submeter o nosso nome ao povo para que o povo diga: “Vem para cá ou não vem”.

 

O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria cumprimentar o Nobre Vereador, pelo seu pronunciamento, e me solidarizar em parte com ele, lamentar que as pessoas que estão decidindo sobre a sorte da eleição, que já está prevista em Lei, não estão concorrendo nesta eleição. E nós que vamos concorrer, que deveríamos ser consultados, já que é o nosso mandato que está em jogo para julgamento popular, nós estamos sendo marginalizados dentro da Constituinte.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Recolho o aparte de V. Exa. como subsídio ao meu pronunciamento. Eu lembro a V. Exas., que houve uma movimentação nacional, os Vereadores se movimentaram no território nacional pedindo eleição. Aqui desta Casa foi uma delegação, entre as quais estava a Líder do PC do B, Ver.ª Jussara Cony, Ver. Aranha Filho, e outros Vereadores.

Então, a Nova República está copiando os métodos da Revolução. Gostaram da prorrogação de mandatos. Eu tive meu mandato prorrogado por duas oportunidades, a primeira vez por dois anos e a segunda vez por um ano. Mas, na época, era um período revolucionário. Na oportunidade, como já está acontecendo agora, inúmeros parlamentares ameaçaram abandonar seus mandatos, caso houvesse prorrogação. Nunca ninguém abandonou seus mandatos. E, não é lícito abandonar os mandatos, Ver. Caio Lustosa. Veja V. Exa., Vereador, se em uma atitude de rebeldia, de desgosto, o que é justo nisto, abandonasse o mandato de V. Exa. nesta Casa, quem estaria representando aquele segmento que V. Exa. representa e que tão bem defende e representa? Ficaram eles sem preocupação nesta Casa. Por isto não é lícito ao Vereador renunciar ao mandato por uma prorrogação. É lícito protestar. É lícito gritar, exigir. Não é pedir. Não é solicitar. É exigir que a prorrogação seja banida, depois que o sistema revolucionário também foi banido do nosso sistema eleitoral, nacional, onde chegaram a eleger, de forma indireta, Senadores, os chamados Senadores Biônicos.

 

O Sr. Kenny Braga: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Cleom Guatimozim, Líder da minha Bancada, eu gostaria de que este assunto das eleições para Prefeito e Vereadores em todo o Brasil, fosse definido o quanto antes, porque começa a criar uma situação terrivelmente difícil para vários homens públicos deste País. A data de desencompatibilização é dia 13 de maio. Veja só Ver. Cleom Guatimozim, senão houver uma definição antes do dia 13, a data da desencompatibilização, haverá desencompatibilização por força de Lei e não saindo a eleição em novembro, centenas de homens públicos terão saído de seus lugares, terão perdido seus postos em vão. Quanto a nós, aqui da Casa, Suplentes e Vereadores do PDT isto é mais sério ainda Vereador, porque é possível que ocorra uma mudança, por força da Lei, da necessidade de desencompatibilização, e é possível, também, que ao mesmo tempo, não tenhamos eleições. E daí como é que as coisas ficam?

Quer dizer, é preciso que o Congresso Nacional defina o quanto antes este assunto, porque há uma angústia pairando no ar e essa angústia é natural, é aceitável e é humana.

Então, o que se diz são meras palavras. Até que ponto as palavras e entrevistas correspondem às intenções secretas dos políticos? Não sei, Ver. Cleom Gautimozim, mas é um assunto que, realmente, angustia!

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: É V. Exa. tem razão e me parece que o primeiro grito contra a prorrogação, felizmente, graças a Deus, surgiu aqui no Rio Grande porque, quando nós do Rio Grande, Vereadores de todo o Rio Grande do Sul, e, grande parte dos Vereadores do Brasil, não desejamos a prorrogação, nós queremos é submeter o nosso nome ao eleitorado das nossas cidades. Eles lá, que não estão concorrendo, por convivência própria, embora não estejam concorrendo, prorroga os mandatos de forma tão odiosa quanta aquela que fez a revolução de 64. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O último orador inscrito em Comunicações é o Ver. Auro Campani, que cede o seu tempo à Ver.ª Teresinha Irigaray.

 

A Sra. TERESINHA IRIGARAY: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, às vezes uma cobrança se torna um pouco difícil e, principalmente, se torna mais difícil em fazê-la da tribuna, e fica mais difícil, ainda, quando vamos cobrar de um Partido que é nosso e do Executivo ao qual pertencemos.

É uma pequena cobrança, sem dúvida nenhuma, mas que talvez seja muito importante para esta Vereadora que, afinal, não teve um trabalho tão brilhante nesta Casa, mas procurou, pelo menos, fazer alguma coisa em favor dos menores.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu neste momento, quero, não cobrar, mas quero lembrar ao nosso Prefeito, eleito por nós, nós do PDT, que existe uma Lei n.º5675, desta Vereadora, que cria o Projeto de Hortas Comunitárias na Secretaria Municipal de Produção e Indústria e Comércio. Lei que foi promulgada e sancionada pelo antecessor do Prefeito Collares, o ex-Prefeito João Antônio Dib. Isso foi em 10 de dezembro de 1985., estamos em 1988, quase ao fim da gestão do nosso Prefeito Alceu Collares e eu gostaria de pedir e de lembrar que, neste Projeto de Hortas Comunitárias, ficariam beneficiados os menores de Porto Alegre, inclusive os menores cadastrados pelo MAPA. E lembro mais, que este pedido das hortas comunitárias foi lembrado, em reunião que tivemos quando tratávamos o problema especial do menor, pelo ex-Juiz de Menores Dr. Moacyr Dornelles. Encaminhamos o Projeto, que foi plenamente aprovado por esta Casa, por unanimidade. Mas, infelizmente, o Projeto não está sendo posto em execução, não temos perspectiva de viabilidade do mesmo e não tivemos nenhuma resposta aos Pedidos de Informações que formulamos. E o Projeto seria o seguinte: ficaria criado na Secretaria de Produção, Indústria e Comércio – SMIC – o Projeto “Hortas Comunitárias” trabalhadas por menores, cadastrados no MAPA. O produto das Hortas Comunitárias reverteria, que “in natura” quer em dinheiro, aos menores que nela trabalhassem. A SMIC manteria o controle dessas Hortas Comunitárias, para efeito da distribuição do produto. Eu, realmente, não me sinto nem hostilizada, nem agredida, nem melindrada, por não ter sido posta em execução uma coisa que é pequena, um Projeto irrelevante, perto de tantos outros maravilhosos que surgem aqui. Mas eu penso nos meninos, eu penso nas crianças, eu penso nos menores, e acho que, nesta hora, até posso sugerir ao Sr. Prefeito que, neste momento em que se fala tanto na terceira idade, se fala tanto no problema dos idosos, coloquemos os idosos da comunidade, voluntários que se dispusessem, como monitores dessas obras; que ajudassem, junto com os menores cadastrados pelo MAPA, ou outros menores que quisessem trabalhar, cuidando, protegendo, supervisionando, já que a SIMC não se desobrigou disso. Não tenho nenhuma intenção de crítica, mas acho que apenas, Sr. Presidente Lauro Hagemann, estamos no fim do nosso mandato, estamos nos aproximando já de novas eleições e um Projetinho desses, que visa à recuperação de menores, visa a dar algo melhor, até em dinheiro, em aproveitamento e em produtos, poderia ser aceito e posto em execução. Lembro outro Projeto, o dos “Guias-Mirins” de Porto Alegre. A exemplo de todas as grandes capitais, Porto Alegre também tem o seu Projeto, criado nesta Casa, Projeto desta Vereadora, os guias-mirins da Cidade de Porto Alegre, também menores do MAPA , da faixa etária de 10 a 14 anos, que seriam supervisionados pelo MAPA e pela Prefeitura, e que estariam nos aeroportos, nas rodoviárias, atendendo às pessoas que chegassem a Porto Alegre. Seriam os guias-mirins de Porto Alegre. Este Projeto também está morto. Também foi sancionado, aprovado por unanimidade nesta Casa, e nada. Abro os jornais e não vejo nada a respeito de guias-mirins na Cidade de Porto Alegre. É realmente uma idéia que se trouxe de outras capitais. Vemos, no Rio de Janeiro, os meninos de rua atendendo no Corcovado. Vemos os meninos de rua do Recife atendendo aos turistas de lá. Vemos os guias-mirins pelas ruas da Bahia. Agora, Porto Alegre, que tem também o seu Projeto aprovado, infelizmente, não nos pode mostrar isto. Eu sei que não é contra mim, mas pode estar sendo contra os menores da Cidade, pode estar dificultando, ou fechando uma porta de acesso, que permitiria que eles se tornassem algo mais do que simples engraxates. Ou, então, ficou fixada a idéia do menor de Porto Alegre com sua caixa de madeira no ombro, engraxando sapatos, ou dos Vereadores desta Casa, ou das pessoas da Cidade de Porto Alegre. Mas estou fazendo esta cobrança. Não é por pertencer ao Partido do Prefeito Alceu Collares que eu não vou achar, ou injustiça a não aplicação de uma lei que vá beneficiar os menores, ou que exista algo pessoal contra esta Vereadora, o que eu não acredito. Estou apenas lembrando, estou apenas pedindo, estou apenas justificando ao meu amigo Prefeito Alceu Collares, apelando para a sensibilidade do estadista Alceu Collares, apelando para a sensibilidade, sim, do político luminoso da Cidade de Porto Alegre, para que faça alguma coisa. E, também, quem sabe, à Presidente do MAPA, para que tome as necessárias e devidas providências a respeito dos seus meninos. Nós queremos que os seus meninos, Dona Antônia, não sejam sempre tachados de engraxates do MAPA, queremos o seus meninos como guias-mirins de Porto Alegre. Queremos, também, que eles tenham o trabalho do cultivo das hortas comunitárias. E as duas sugestões, como já disse, não são da cabeça desta Vereadora. Elas foram aventadas, em reunião, com o antigo Juiz de Menores, da Cidade de Porto Alegre, que era uma pessoa com uma visão de futuro, dos menores, maravilhosa, e qual respeitamos. Enfatizamos que o pedido a respeito dos idosos, das pessoas de terceira idade que poderiam cuidar das hortas comunitárias, é um pedido que poderá ser aplicado e viabilizado, uma vez que estas hortas sejam cuidadas pelos menores, e administradas pelo monitores que se colocaram à disposição, gratuitamente, como já tem vindo diversos aqui, na Câmara, perguntarem sobre o Projeto, e que estão à disposição para qualquer tipo de trabalho nesse sentido. Então, a cobrança, desta tarde, é amigável, amistosa, que se faz em termos sociais, polidos. Tenho certeza de que a resposta do Sr. Prefeito Municipal será a que todos nós estamos esperando, e queremos ver atendidos esses dois Projetos, pequenos sim, talvez um pouco irrelevantes, mas que vão contribuir para um todo, e o que me assusta é que te um, desde 85, e eu não quero terminar o meu mandato sem ver, pelo menos, uma horta comunitária tratada, cuidada e mantida pelos menores do MAPA a serviço da comunidade de Porto Alegre. Nesta tarde era isso; voltaremos, se não tivermos o atendimento dos nossos pedidos, e voltaremos a fazer a cobrança que, como já disse, é cordial, é amigável, amistosa, e talvez, seja um pouco política, mas é fraterna, é carinhosa. Voltaremos em outras oportunidades. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, está encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 15h31min.)

 

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